Sabiá
(Lundu)
Eu fui pegar
passarinho,
Na matinha de Yayá?
Engendrei o meu lacinho
E peguei um sabiá.
Sabiá, eu
bem sabia,
Sabia que tu caías.
Sabiá, fica sabendo
Que tu cais todos os dias.
Sabiá
ressabiado
Na matinha arrepiou-se,
Eu toquei chama de baixo
Sabiá veio, entregou-se.
Sabiá, eu bem sabia, etc.
Saiba todo
sabiá De mata, gangorra ou praia Que eu nao armo gangolina Em que sabiá nao
caia...
Sabiá, eu bem sabia, etc.
E Yayá já
sabe hoje
Que eu sei
pegar passarinho,
E que sabiá
sabido
Nao me come
o melãozinho.
Sabiá, eu bem sabia, etc.
/Escrito
em junho de 1875/
Canto do
potiguara
(Toré)
Curupira se
afugenta,
Manitó esquece a taba,
Mas minh'alma não esquece
O amor de Porangaba.
Cai a murta,
o camboim,
O murici, a mangaba,
Mas não cai dos meus sentidos
O amor de Porangaba.
Cambaleia o
pau-d'arqueiro,
Que ao rijo tufão desaba:
Mas não se abate em meu peito
O amor de Porangaba.
Vai-se o
torcaz que gemia
Ao pé da jabuticaba,
Mas não deixam os meus anelos
O amor de Porangaba.
Foge a
abelha que zumbia
Sobre a flor da guabiraba,
Mas não foge aos meus afetos
O amor de Porangaba.
Despe a flor
o ingazeiro,
A oiticica, a quixaba:
Mas não me escapa da mente
O amor de Porangaba.
Da CUNHÃ
remorde a face
Reimoso capiucaba;
Mas não remorde o ciúme
O amor de Porangaba.
De Moema o
terno amor,
Não, não rende o imbuaba,
Mas a mim rende e cativa
O amor de Porangaba.
Da extremosa
Margarida
O amor já não se gaba;
Mas eu decanto, ARÃHY,
O amor de Porangaba.
O pajé canta
a bravura
Do alto Morubixaba,
Mas eu só canto em toré
O amor de Porangaba.
Anhangá cede
a Tupã
No poder que não se acaba,
Mas não cede a outro amor
O amor de Porangaba
(1874)
Página
publicada em janeiro de 2020
FOTE – BLOG ANTÔNIO
MIRANDA
Nenhum comentário:
Postar um comentário